Ele era um garoto insignificante para certas pessoas. Na escola sofria de bullying por ser um garoto quieto e diferente dos outros. Enquanto os garotos da sua classe já falavam de garotas, ele ainda pensava em vídeo game, bonecos e jogar bola. O fato é que ele não tinha crescido como os outros.
Ele foi crescendo e conhecendo os caminhos da vida. O caminho do bem e do mal. Mas ele achava essa história de caminhos meio boba. Bem e mal é relativo, existe dependentemente de algo. Simplesmente uma mera invenção humana para distrair. Era assim que ele pensava.
Com ele não existia pudores. Falava sempre o que pensava sobre tudo. Quando tinha sua opinião, de nenhuma forma mudava, era concreta até o fim.
Mas ele sempre foi um garoto “calmo”. Nunca usou máscara, porém as pessoas o achavam bonzinho, só pela sua aparência. De fato, ele tinha cara de bonzinho, de santinho. Aquele tipo de garoto carinhoso, que se importava com tudo e todos. Isso por que não o conheciam de perto.
Quando as pessoas o viam estressado, se perguntavam: “Quem é essa pessoa?” Ele gritava, xingava, jogava coisas, se revoltava. Para quem não o conhecia de perto, era outra pessoa. Na verdade, ele era bipolar. Muitas vezes se contradizia. Falava verdades, mas pelo seu tom de ironia, achavam que era brincadeira. Não levava as coisas muito a sério.
Um dia resolveu mudar de vez sua vida. Quis ter liberdade, fazer tudo o que desejava. Bem, era o que ele pensava. As coisas que dizia que sempre desejou não era bem isso. Por ser um garoto recatado na sua infância, que era proibido de fazer o que queria, ele imaginou que, experimentando de tudo, mesmo coisas que não desejava, podia apagar sua infância frustrada. Por ser maior de idade, agora podia ter tudo às suas mãos.
Experimentar maconha, LO, LSD, cocaína, beber até quase ficar em coma alcoólico, beijar e transar com homens e mulheres, viajar, fazer todos os cursos possíveis, LIBERDADE... Esse era o seu grande sonho. Odiava ouvir as opiniões de outrem em relação a seus sonhos, pois sempre o que escutava eram críticas.
Apesar de viver financeiramente à custa dos pais, saiu de casa e foi viver sua vida em outros horizontes. Casa de amigos, de ficantes, ex-namorados, era onde ele vivia. Enquanto sua antiga vida era calma, com conforto ao extremo, a sua nova vida era dura, nômade, por assim dizer, mas bem mais emocionante. Preferiu trocar o conforto pela liberdade, o sonho de todo adolescente da idade dele.
A nova vida foi bastante badalada. Festas, muita bebida, muita droga. “Sexo, drogas e rockn’roll”, sua vida se resumia a isso. Mais liberdade que isso era impossível. Porém, apesar de ter a liberdade que tanto sonhou, estava cansando disso. Não tinha rotina e sentiu falta disso. Suas asas estavam abertas demais, precisava fechar um pouco ou fechar totalmente. Pensou muito na vida que estava levando e na sua antiga vida, onde vivia em casa, com seus pais, numa pequena hipocrisia... Mas foi ali que ele nasceu e viveu. Decidiu acabar com sua liberdade, voltar a sua vida normal, afinal já tinha aproveitado até demais.
Notou que não conseguiria voltar para casa por que estava com dependência química. Pensou nos pais, como eles reagiriam a isso. Só iria tornar a vida deles um grande inferno, pois ele não mais podia voltar atrás.
Foi até o maior prédio da cidade. Escreveu um bilhete e o colocou em seu bolso. Sentiu um vento forte, com cheiro de liberdade. Aquilo era o máximo de liberdade que ele poderia alcançar. Abriu seus brancos, como um pássaro abre suas asas e pulou.
“Desculpem-me por fazer vocês sofrerem. Eu quis voar e ter liberdade e isso eu tive. Nunca mereci o amor de vocês, mas saibam que eu nunca os esqueci. Estarão para sempre no meu coração.”
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